quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Musical

De velocidade sem multa...
É um segredo.
Uma força oculta,
Um rochedo...

Meio invisível,
Sem presença espacial.
De controlo impossível,
Uma força sem igual.

Ouve-se...
E ouve-se bem!
Sente-se...
num sitio...
Num sitio com alguém.

Pura magia!

in Pensamento de Escape

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Metáfora de Existência

Aquilo que escrevo, aquilo que digo,
O que vejo e aquilo que vivo,
São lágrimas do povo que nos fez,
São lágrimas, que choro mais uma vez.

Um povo orgulho e bem parecido,
Num mundo louco e desconhecido,
Partiu corajoso, em descoberta,
De ouro e fama, de guerra aberta!

Perdeu, e desgostoso voltou,
Reergueu-se das cinzas e despertou,
Amou, falhou e assim cresceu,
Inspirou-se, viu o mundo e renasceu.

Povo este, de bela convergência,
Um ser humano...
Uma metáfora de existência.

in Pensamento de Escape

sábado, 3 de novembro de 2007

Barreiro Rocks 2007

Este ano o Barreiro Rocks vai decorrer nos dias 9 e 10 de Novembro e conta com a presença de bandas como THE MAHARAJAS, THE MOJOMATICS e THE BLACK LIPS. No after hours estarão presentes os THE ACT-UPS, uma das bandas mais importantes do Barreiro, bastante aclamada em Espanha e o DJ SHIMMY, um senhor americano que nos delicia com os LP's mais variados e energéticos. O Barreiro Rocks vai na sua 7ª edição e já trouxe aos palcos barreirenses bandas como Gallon Drunk, Billy Childish, Flaming Stars, The Parkinsons e Legendary Tigerman. Este ano está a decorrer conjuntamente a exposição "Ritmos! O Rock em Portugal 1955-1974” e a exposição de três fotógrafos barreirenses com o tema do festival. Fotos de Cláudio Ferreira, Rui Serrano e Hernâni Rico. http://www.myspace.com/barreirorocks

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

COMEMORAÇÕES DO 5 DE OUTUBRO

João Soares é convidado de honra no jantar do Partido Socialista Decorreu, na passada sexta-feira na Quinta do Porto da Ramagem, em Coina, o jantar de comemoração dos 97 anos da Implantação da República do Partido Socialista que juntou mais de 100 pessoas e onde foi, também, prestada homenagem a quatro militantes pelos 30 anos de militância no Partido. Na mesa principal estiveram presentes o Presidente da Juventude Socialista do Barreiro, Carlos Andrade e Silva, a Representante das Mulheres Socialistas do distrito de Setúbal, Catarina Marcelino, o Presidente da Concelhia do Barreiro, Luís Ferreira, o Presidente da Federação Distrital de Setúbal, Victor Ramalho, os Presidentes das Concelhias de Setúbal, Seixal e Almada, Catarino Costa, Fonseca Gil e Ruben Raposo, respectivamente, e, como convidado de honra, o deputado João Soares. Logo após o jantar seguiram-se os discursos que abordaram, essencialmente, a Revolução de 5 de Outubro, o papel do Socialismo, as pessoas que fizeram a história do País, nomeadamente, a família do convidado João Soares (o avô João Soares e o pai Mário Soares) a quem foi prestada homenagem, o Manuel Cabanas, uma das principais influencias para o povo barreirense e Afonso Costa. Vítor Ramalho relembrou, ainda, a importância da cidade do Barreiro e de Loures como pioneiras da Revolução a 4 de Outubro. Catarina Marcelino focou a importância da mulher na vida política. Homenageou três mulheres socialistas que lutaram pelo direito de voto, nomeadamente, Ana de Castro Osório, Maria Veleda e Carolina Beatriz Ângelo, membro da Ordem Maçónica. Luís Ferreira sublinhou a importância da JS no Barreiro e o aumento de jovens no Partido “Nunca acreditei nas juventudes partidárias, mas nesta acredito”. Mencionou que o partido está mais unido, que os vencimentos aumentaram e que as sedes do Concelho foram remodeladas, transmitindo um sinal de esperança para as eleições autárquicas de 2009. João Soares foi ouvido atentamente enquanto relembrava alguns dos marcos mais importantes da história de Portugal desde a Implantação da República, como a ruptura da Igreja e do Estado, o registo civil, a criação de escolas republicanas, a igualdade entre homens e mulheres e a participação da mulher na vida política (1919), o 28 de Maio de 1926, a ditadura salazarista e o 25 de Abril. Fez, ainda, uma forte crítica à política de direita, relembrando a incompetência dos líderes que passaram pelo governo, e ao comunismo mencionando a situação da Coreia e de Cuba. A solidariedade com o governo actual fez-se sentir aquando dos elogios ao ministro das finanças, Teixeira dos Santos, por estar a conseguir equilibrar as contas públicas. João Soares soltou o seu grito de força para que os socialistas se mantenham unidos e sejam fiéis aos valores republicanos que são a fonte de inspiração do povo. Após o discurso motivador e energético do deputado João Soares, foram homenageados os quatro militantes e, por fim, ouviu-se o Hino de Portugal, símbolo da cultura e da união da Nação.

sábado, 22 de setembro de 2007

Saudacoes Holandesas

(primeiro que tudo gostaria de alertar para o facto de nao ir utilizar qualquer tipo de pontuacao ou acentos dado este teclado onde escrevo nao os ter) Queridos Colegas, Como alguns de voces sabem eu estou na Holanda em Erasmus. A cidade chama-se Urecht, fica a 15 kilometros de Amesterdao, e e uma cidade de estudantes. Nao ha espaco aqui para adultos, pelo menos responsaveis =). Vou ficar por aqui um aninho e nao vou esconder a saudade que tenho de muitos de voces. Achei que escrever aqui iria diminuir o sentimento, mas parece que nao. Escrevo-vos com lagriminha no canto do olho. Como esta a correr tudo ai? Sei que ja comecaram as aulas. Os professores sao tao bons ou melhores que os do ano passado? Colegas novos? Tanta coisa que quero saber. Por aqui esta tudo a correr bem. As minhas aulas comecaram dia 4 de setembro e tenho um horario bastante "vazio". Tempo tenho para visitar esta pequena cidade e ate as que a rodeiam. Vivo numa residencia universitaria com mais 6 pessoas, das mais diversas nacionalidades. O meu edificio e parecido com as antigas torres gemeas, mas com pontes a uni-las. E um decimo quarto andar! Faco-me transportar de bicicleta para todo o lado que va, seja dia ou noite, chova ou faca sol. Falando em clima, aqui e bastante diferente dai, ha chuva quase todos os dias e quando nao chove esta encoberto. As botas, a gabarbina e o chapeu de chuva tem de ser os meus melhores amigos. Quanto ao custo de vida, bem, se eu me queixava que os almocos da catolica eram caros, aqui sao o triplo. Um simples cafe expresso, que na nossa maquina universitaria e 0.35 aqui e 2 euros, e por ao em diante. Ha festas universitarias todos os dias, e visitam-se as casas uns dos outros com bastante regularidade. Nao e surpresa estar em casa a estudar( ou a ver televisao) e de um momento para o outro comecar uma festa no teu proprio quarto (!!). Estou mais ambientada agora, tanto com o pais como com a lingua (admito que as vezes e dificil lembrar-me das palavras portuguesas para traduzir) e estou feliz. Desejo-vos a maior sorte de mundo para este ano lectivo e prometo ver-vos o mais breve possivel nas ferias do Natal, quem sabe se fizerem um jantar de turma me convindem..=) Besito muito grande a todos, com muita saudade* Mariana Almeida

terça-feira, 24 de julho de 2007

México

Já que aqui damos a conhecer filmes, festivais e livros, achei que também are bom dar a conhecer outros países. Acabei de voltar do méxico e, cada vez que me recordo desta semana que passou, só me lembra o calor. Em Cancun (onde fiquei) o tempo está sempre abafado, mas mesmo sempre: quer esteja sol, chuva ou trovoada; de manha, à tarde e mesmo de noite. nquanto em Portugal dizemos "Vou lá fora apanhar ar fresco", no méxico temos que dizer "vou lá dentro apanhar ar fresco". No que toca a turismo, só visitei dois lugares: Chichen Itza, e o parque de diversões Xcaret!. Em Chichen Itza podemos ver uma pirâmide antiga e outros monumentos antigos, incluido um campo de futebol da antiguidade (onde se jogava com a anca e tinha que se acertar com a bola num arco relativamente pequeno). No parque de diversões Xcaret! podiamos ver todo o tipo de animais, plantas e ainda andar pelos rios a ver os peixinhos, ou nada com os golfinhos. Pode ver-se também o espectáculo no final do dia que, neste momento, é uma ida ao passado, ou seja, vemos como evoluiu o México. O calor torna tudo um pouco mais difícil mas, no final, é uma experiência enriquecedora. Quanto a cultos, tenho a dizer que eles têm cultos muito estranhos, na minha opinião. Mas não vou descrever-los aqui porque é um pouco complicado. Deixo-vos esta opinião, e espero que se um dia lá forem deixem aqui a vossa também. E vou deixar-vos também uma imagem dos signos do México com a explicação dos mesmos, porque signos são uma coisa que me fascinam e acho que é interessante conhecer os signos de todas as culturas: http://i193.photobucket.com/albums/z247/BuniPT/i5026.jpg

segunda-feira, 23 de julho de 2007

"Sete Sonetos e Um Quarto"

"Eu não sei se me salvo ou se me perco
ou se és tu que te perdes e me salvas
só sei que me redimo quando peco
e corpo a corpo ao céu vão nossas almas."
Manuel Alegre

FMM - Festival Músicas do Mundo

Realiza-se em Sines e está a decorrer durante esta semana. Excelente para quem gosta de boa música Vejam: http://www.fmm.com.pt/

segunda-feira, 16 de julho de 2007

"Repórter de Guerra" de Luís Castro

"Não escolhi palavras bonitas para embelezar o texto. É meramente factual. O que está aqui aconteceu. Mesmo."

É assim que Luís Castro descreve brevemente o conteúdo do seu mais recente livro Repórter de Guerra onde organiza o conjunto dos relatos de 6 guerras cobertas pelo próprio, enquanto jornalista da RTP, entre as quais a Guerra do Afeganistão e a Guerra do Iraque.

Depois de 5 anos de trabalho, depois de reler incontáveis blocos de apontamentos, depois do visionamento de mais de mil horas de filmagens e de inúmeras trocas de impressões com repórteres de imagem que o acompanharam nas suas viagens, Luís Castro põe à nossa disposição um conjunto de episódios que prometem deixar-nos boquiabertos.
Com prefácio de José Rodrigues dos Santos e elogios de alguns dos mais conceituados jornalistas portugueses, o livro posiciona-se como uma óptima leitura não só para quem se interessa por jornalismo ou por guerra, mas para quem se interessa pela actualidade, pelo mundo.

A apresentação desta obra foi feita dia 21 de Junho na FNAC-Colombo, em Lisboa, pelo jornalista e professor universitário José Rodrigues dos Santos (ele próprio autor de uma tese sobre a temática do jornalismo de guerra) e pela escritora Maria Rebelo Pinto.

PVP: 18,00€

(Fonte: Jornalismo e Comunicação)

terça-feira, 19 de junho de 2007

OUTFEST - festival de música e imagem do Barreiro

O Outfest tornou-se, este ano, num festival de carisma internacional trazendo ao palco do Auditório Municipal Augusto Cabrita bandas como Wolf Eyes e Orthodox. Apesar de a sua presença no Outfest ter motivado a vinda de inúmeros lisboetas ao Barreiro, estes não foram os únicos a surpreender o público. Tanto TSUKI como Variable Geometry Orchestra, que actuaram no dia 16 de Junho (sábado), deram a conhecer as diversas personalidades que a música experimental pode ter, seja ela minimalista ou apetrechada com os mais variadíssimos instrumentos, desde as mesas de mistura aos instrumentos de sopro e de cordas, o que interessa é a criatividade (até mesmo no que toca à invenção de instrumentos musicais) e o feeling que, como dizia Ernesto Rodrigues (violinista e líder da VGO), é fundamental no improviso. Este ano o Outfest está a decorrer no AMAC (excepto no dia 23 de Junho) permitindo, deste modo, que a organização do evento disponibilizasse melhores condições às bandas e ao público. Lugares sentados, bar e casas de banho à disposição e segurança reforçada tornaram o ambiente do festival mais intimista e agradável. Foi possível, também, a realização de exposições de pintura e fotografia, bem como uma mostra de VideoArte da autoria de Miguel Soares e, ainda, a criação de um espaço próprio para a manipulação musical, disponível para os visitantes que estejam dispostos a experimentar novos percursos sonoros através de uma mesa de mistura. A presença dos Orthodox marcou a noite de Domingo por fugir um pouco à linguagem da música electrónica experimental sem contudo não deixar de lado o poder da distorção e as vozes electrizantes acompanhadas de uma bateria efusiva. Este festival abre portas a novas perspectivas do mundo e da vida, pode ser um meio de reflexão e introspecção e, ao mesmo tempo, apelar à destruição do raciocínio onde só contam as pulsões vitais. Foi assim que os Wolf Eyes fecharam o espectáculo, num encore invulgar que se tornou o auge da noite, o público foi chamado ao palco para o encontro final e imediato com a electrónica, ou seja, com os impulsos delirantes que libertam e fazem renascer diferentes visões do ser humano em relação às novas tecnologias musicais.

sábado, 16 de junho de 2007

OUTFEST 2007

Começa hoje (16 de Junho) o festival de música e imagem do barreiro. Consultem: http://www.outfest.pt.vu/

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Concurso Fotografia

Se tiverem uma impressora Epson e gostarem de fotografia, participem ;)

sábado, 2 de junho de 2007

"Little Miss Sunshine"

O filme Little Miss Sunshine (ou Uma família à beira de um ataque de nervos, em português) é sobre uma criança (do sexo femenino) que gostava de ganhar o concurso Miss Sunshine, e a viagem que a família tem que fazer até conseguirem chegar ao local do concurso.
Apesar dos críticos terem apreciado muito o film e este ter ganho alguns óscares, eu honestamente não gostei. Os críticos categorizam-no como uma comédia, eu categorizo-o como uma estupidês pegada. O filme não me parece ter sentido, e o final ainda menos sentido tem.
Sinceramente não sei se posso dizer muito mais acerca deste filme. Não tenho palavras para o descrever. Não estou a dizer que é uma autêntica porcaria, mas eu não gostei, e não sei muito bem explicar o porquê. Já sabem, se o virem, deixem aqui a vossa opinião. *
IMDB:
Trailler:

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Apresentação

Como poucos sabem, escrevo poemas.

Hoje resolvi dar-vos a conhecer o meu blog.
Espero que leiam, espero que comentem (lá no blog :P) e se não for pedir muito, podem gostar de alguns.

Aqui fica o link Pensamento de Escape (é só clicar).

sexta-feira, 18 de maio de 2007

"Man of the year"

O filme Man of the year, interpretado por Robin Williams, tem como base um comediante (que dizia piadas sobre a política) que recebe uma sugestão do público para se candidatar à presidência.
Quando vi o trailer deste filme, pareceu-me ser um filme cómico e interessante de ver. Tenho a dizer que fiquei realmente desiludida. De cómico, tem pouco; de drama, tem muito! Apesar de gostar muito do actor Robin Williams, não creio que este tenha sido nem de perto o seu melhor papel. Além disso, também não gosto muito da atriz (Laura Linney), nem acho que ela represente muito bem.
Mas a história em si não era interessante, pelo menos no meu ponto de vista. Era uma ideia que podia ter resultado se a tivessem trabalhado de outra maneira.
Enfim.. opiniões são opiniões, e eu já dei a minha. Fico à espera da vossa.
Imdb:
Trailer:

"Peaceful Warrior"

Peaceful Warrior: um filme emocionante baseado numa história real. Tendo como objectivo um jovem se tornar num "guerreiro pacífico" (guerreiro pacífico aqui visto como um estado da mente), este filme vai apelar aos sentimentos e sonhos da audiência. Vai relembrar que tudo é possível se tivermos força de vontade e concentração. E a maior mensagem que se pode aprender deste filme é: "The journey is what brings us the happiness, not the destination". Esta frase, que vai ficar para sempre marcada na minha memória, tem múltiplos sentidos, mas todos eles, no final, vão dar ao mesmo: aproveitar a vida, lutar pelos sonhos, viver o presente. Porque não interessa se ganhamos uma medalha ou não, se o hotel que marcamos era de sonho ou não, se chegamos ao fim e temos o que queremos... porque o caminho, aquele caminho onde vamos excitados, esperançosos, e mais felizes que uma criança na manhã de Natal... esse caminho é que nos dá de facto a felicidade. Porque podemos chegar ao fim e termos uma desilusão... mas o caminho foi feliz! O caminho foi cheio de esperança e excitação e tudo mais. Mais uma vez, aconcelho a ver este filme. Lá está, um jovem a tentar alcançar o seu objectivo (os meus preferidos). E o facto de ser baseado numa história real... só o torna mais maravilhoso! É talvez um pouco dramático de mais... mas pronto... é um filme, tem que ser assim. Deixo ao vosso critério verem o filme e deixarem aqui a vossa opinião. Imdb: http://www.imdb.com/title/tt0438315/ Trailer: http://www.apple.com/trailers/universal/peacefulwarrior/

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Legalização da Marijuana em Portugal?

No próximo Sábado (dia 5 de Maio), realizar-se-à na Grande Lisboa e no Porto a Marcha Global da Marijuana para a LEGALIZAÇÃO DAS DROGAS LEVES, esta marcha está inserida na organização mundial "Global Marijuana March" que junta mais de 200 cidades de todo o mundo. Em lisboa: às 16 horas concentração no Jardim das Amoreiras (Mãe d'Água), marcha até ao largo do Rato com destino ao largo do Camões. No Porto: às 15 horas concentração na praça do Marquês de Pombal, parada com soundsystems pela Rua de Santa Catarina finalizando na praça D. João I.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

25 de Abril, sempre!

"As Portas Que Abril Abriu"
J. C. Ary dos Santos
Era uma vez um país onde entre o mar e a guerra vivia o mais infeliz dos povos à beira-terra. Onde entre vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras um povo se debruçava como um vime de tristeza sobre um rio onde mirava a sua própria pobreza. Era uma vez um país onde o pão era contado onde quem tinha a raiz tinha o fruto arrecadado onde quem tinha o dinheiro tinha o operário algemado onde suava o ceifeiro que dormia com o gado onde tossia o mineiro em Aljustrel ajustado onde morria primeiro quem nascia desgraçado. Era uma vez um país de tal maneira explorado pelos consórcios fabris pelo mando acumulado pelas ideias nazis pelo dinheiro estragado pelo dobrar da cerviz pelo trabalho amarrado que até hoje já se diz que nos tempos do passados e chamava esse país Portugal suicidado. Ali nas vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras vivia um povo tão pobre que partia para a guerra para encher quem estava podre de comer a sua terra. Um povo que era levado para Angola nos porões um povo que era tratado como a arma dos patrões um povo que era obrigado a matar por suas mãos sem saber que um bom soldado nunca fere os seus irmãos. Ora passou-se porém que dentro de um povo escravo alguém que lhe queria bem um dia plantou um cravo. Era a semente da esperança feita de força e vontade era ainda uma criança mas já era a liberdade. Era já uma promessa era a força da razão do coração à cabeçada cabeça ao coração. Quem o fez era soldado homem novo capitão mas também tinha a seu lado muitos homens na prisão. Esses que tinham lutado a defender um irmão esses que tinham passado o horror da solidão esses que tinham jurado sobre uma côdea de pão ver o povo libertado do terror da opressão. Não tinham armas é certo mas tinham toda a razão quando um homem morre perto tem de haver distanciação Uma pistola guardada nas dobras da sua opção uma bala disparada contra a sua própria mão e uma força perseguida que na escolha do mais forte faz com que a força da vida seja maior do que a morte. Quem o fez era soldado homem novo capitão mas também tinha a seu lado muitos homens na prisão. Posta a semente do cravo começou a floração do capitão ao soldado do soldado ao capitão. Foi então que o povo armado percebeu qual a razão porque o povo despojado lhe punha as armas na mão. Pois também ele humilhado em sua própria grandeza era soldado forçado contra a pátria portuguesa. Era preso e exilado e no seu próprio país muitas vezes estrangulado pelos generais senis. Capitão que não comanda não pode ficar calado é o povo que lhe manda ser capitão revoltado é o povo que lhe diz que não ceda e não hesite– pode nascer um país do ventre duma chaimite. Porque a força bem empregue contra a posição contrária nunca oprime nem persegue– é força revolucionária! Foi então que Abril abriu as portas da claridade e a nossa gente invadiu a sua própria cidade. Disse a primeira palavra na madrugada serena um poeta que cantava o povo é quem mais ordena. E então por vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras desceram homens sem medo marujos soldados «páras» que não queriam o degredo dum povo que se separa. E chegaram à cidade onde os monstros se acoitavam era a hora da verdade para as hienas que mandavam a hora da claridade para os sóis que despontavam e a hora da vontade para os homens que lutavam. Em idas vindas esperas encontros esquinas e praças não se pouparam as feras arrancaram-se as mordaças e o povo saiu à rua com sete pedras na mão e uma pedra de lua no lugar do coração. Dizia soldado amigo meu camarada e irmão este povo está contigo nascemos do mesmo chão trazemos a mesma chama temos a mesma ração dormimos na mesma cama comendo do mesmo pão. Camarada e meu amigo soldadinho ou capitão este povo está contigo a malta dá-te razão. Foi esta força sem tiros de antes quebrar que torcer esta ausência de suspiros esta fúria de viver este mar de vozes livres sempre a crescer a crescer que das espingardas fez livros para aprendermos a ler que dos canhões fez enxadas para lavrarmos a terra e das balas disparadas apenas o fim da guerra. Foi esta força viril de antes quebrar que torcer que em vinte e cinco de Abril fez Portugal renascer. E em Lisboa capital dos novos mestres de Aviz o povo de Portugal deu o poder a quem quis. Mesmo que tenha passado às vezes por mãos estranhas o poder que ali foi dado saiu das nossas entranhas. Saiu das vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras onde um povo se curvava como um vime de tristeza sobre um rio onde mirava a sua própria pobreza. E se esse poder um dia o quiser roubar alguém não fica na burguesia volta à barriga da mãe. Volta à barriga da terra que em boa hora o pariu agora ninguém mais cerra as portas que Abril abriu. Essas portas que em Caxias se escancararam de vez essas janelas vazias que se encheram outra vez e essas celas tão frias tão cheias de sordidez que espreitavam como espias todo o povo português. Agora que já floriu a esperança na nossa terra as portas que Abril abriu nunca mais ninguém as cerra. Contra tudo o que era velho levantado como um punho em Maio surgiu vermelho o cravo do mês de Junho. Quando o povo desfilou nas ruas em procissão de novo se processou a própria revolução. Mas eram olhos as balas abraços punhais e lanças enamoradas as alas dos soldados e crianças. E o grito que foi ouvido tantas vezes repetido dizia que o povo unido jamais seria vencido. Contra tudo o que era velho levantado como um punho em Maio surgiu vermelho o cravo do mês de Junho. E então operários mineiros pescadores e ganhões marçanos e carpinteiros empregados dos balcões mulheres a dias pedreiros reformados sem pensões dactilógrafos carteiros e outras muitas profissões souberam que o seu dinheiro era presa dos patrões. A seu lado também estavam jornalistas que escreviam actores que se desdobravam cientistas que aprendiam poetas que estrebuchavam cantores que não se vendiam mas enquanto estes lutavam é certo que não sentiam a fome com que apertavamos cintos dos que os ouviam. Porém cantar é ternura escrever constrói liberdade e não há coisa mais pura do que dizer a verdade. E uns e outros irmanados na mesma luta de ideais ambos sectores explorados ficaram partes iguais. Foi então se bem vos lembro que sucedeu a vindima quando pisámos Setembro a verdade veio acima. E foi um mosto tão forte que sabia tanto a Abril que nem o medo da morte nos fez voltar ao redil. Ali ficámos de pé juntos soldados e povo para mostrarmos como é que se faz um país novo. Ali dissemos não passa! E a reacção não passou. Quem já viveu a desgraça odeia a quem desgraçou. Foi a força do Outono mais forte que a Primavera que trouxe os homens sem dono de que o povo estava à espera. Foi a força dos mineiros pescadores e ganhões operários e carpinteiros empregados dos balcões mulheres a dias pedreiros reformados sem pensões dactilógrafos carteiros outras muitas profissões que deu o poder cimeiro a quem não queria patrões. Desde esse dia em que todos nós repartimos o pão é que acabaram os bodos— cumpriu-se a revolução. E em sua pátria fizeram o que deviam fazer: ao seu povo devolveram o que o povo tinha a haver: Bancos seguros petróleos que ficarão a render ao invés dos monopólios para o trabalho crescer. Guindastes portos navios e outras coisas para erguer antenas centrais e fios dum país que vai nascer. Mesmo que seja com frio é preciso é aquecer pensar que somos um rio que vai dar onde quiser. Pensar que somos um mar que nunca mais tem fronteiras e havemos de navegar de muitíssimas maneiras. No Minho com pés de linho no Alentejo com pão no Ribatejo com vinho na Beira com requeijão e trocando agora as voltas ao vira da produção no Alentejo bolotas no Algarve maçapão vindimas no Alto Douro tomates em Azeitão azeite da cor do ouro que é verde ao pé do Fundão e fica amarelo puro nos campos do Baleizão. Quando a terra for do povo o povo deita-lhe a mão! É isto a reforma agrária em sua própria expressão: a maneira mais primária de que nós temos um quinhão da semente proletáriada nossa revolução. Quem a fez era soldado homem novo capitão mas também tinha a seu lado muitos homens na prisão. De tudo o que Abril abriu ainda pouco se disse um menino que sorriu uma porta que se abrisse um fruto que se expandiu um pão que se repartisse um capitão que seguiu o que a história lhe predisse e entre vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras um povo que levantava sobre um rio de pobreza a bandeira em que ondulava a sua própria grandeza! De tudo o que Abril abriu ainda pouco se disse e só nos faltava agora que este Abril não se cumprisse. Só nos faltava que os cães viessem ferrar o dente na carne dos capitães que se arriscaram na frente. Na frente de todos nós povo soberano e total que ao mesmo tempo é a voz e o braço de Portugal. Ouvi banqueiros fascistas agiotas do lazer latifundiários machistas balofos verbos de encher e outras coisas em istas que não cabe dizer aqui que aos capitães progressistas o povo deu o poder! E se esse poder um dia o quiser roubar alguém não fica na burguesia volta à barriga da mãe! Volta à barriga da terra que em boa hora o pariu agora ninguém mais cerra as portas que Abril abriu!
Como diz Jorge Palma: "A liberdade é uma maluca que sabe quanto vale um beijo"
Viva a Liberdade!

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Em águas profundas...

Em águas profundas,
De terrenos mortos,
Viviam imundas.
Em contornos tortos.

Longe da claridade,
Do calor e da coloração,
Desprovidos de vaidade,
Desprovidos de paixão?

A sua vida tem um custo,
Uma luta incessante,
Um mundo em tudo injusto
Um número inconstante.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Poema III

Não quero ser cruel contigo, Não quero crueldade, meu amigo. És perfeito e gosto de ti assim Vem comigo para o nosso jardim. Quero-te sentir na minha companhia Amar-te, assim, com alegria Ser apenas a tua menina Tornar-te meu para toda a vida Gosto de ti. Penso que já o sabias Mas ao dizê-lo mais uma vez Sinto que assim acreditas O segredo... é de quem o fez.

terça-feira, 17 de abril de 2007

Aula de Compensação de Inglês

A todos os alunos da turma 3 a inglês com a professora Ana Morais, quero comunicar que não há aula dia 17 de Maio (quinta-feira), portanto ficam aqui as alternativas possíveis de horário para se marcar uma aula de compensação. Segunda-feira: 8:30; 10:00; 17:00 Quarta-feira: 8:30; 10:00; 17:00 Quinta-feira: 8:30; 17:00 Sexta-feira: 8:30; 10:00; 11:30; 14:00; 17:00 Mandem-me um e-mail com a vossa escolha. O meu mail é argea_@hotmail.com Obrigada

sábado, 14 de abril de 2007

"Freedom Writers"

"Freedom Writers" é um filme que ainda não estreou a Portugal (nem sei se vai estrear, infelizmente), mas que já causou sensações pelo resto do mundo. É muito parecido com o filme de 1995 "Dangerous Minds" (mentes perigosas), mas esta nova versão baseia-se num livro real, num livro feito a partir da compilação de diários que os alunos de uma turma escreveram ("The Freedom Writers Diaries" - 1999). Inclusive, algumas das partes desses diários são-nos contadas durante o filme.
O que impressiona tanto neste filme é o facto de terem havido adolescentes a viverem exactamente o que as personagens viveram... É saber que o que estamos a ver aconteceu na realidade, com pessoas como nós... É conhecer outra realidade sem ser a nossa, e ver que existem diferentes formas de lidar com o dia-a-dia, diferentes situações, dierentes problemas, diferentes vidas...
Eu não quero contar o filme, caso queiram depois ver, mas gostava de deixar aqui o que podem esperar do filme. Trata-se de um escola onde todos se separam por grupos, e há guerras entre os grupos. Mas um dia, chega uma professora que vai mudar isso numa turma. E, mais importante, vai dar um diário a cada um, para escreverem todos os dias, sobre qualquer coisa: o passado, o presente, o futuro; e como quiserem: poema, desenho, prosa. E é com esses diários que a professora vai compreender o que estão a passar, e então poder ajudar.
É um filme que eu aconcelho a ver. Quer dizer, pelo menos a pessoas que gostem de filmes cujo principal enredo é a tentativa de alcançar objectivos por parte dos jovens. É ter coragem e nunca desistir de seguir o que se pretende. É mudar a vida dos jovens, tornando-os fortes, levantando-lhes a auto-estima, mostrando-lhes que eles são capazes de muito mais...
Não dizendo mais nada, deixo-vos a vocês a decisão de verem ou não o filme, e dizerem o que acharam.
Se quiserem ver no IMDB este filme, o site é
Se quiserem ver o trailer
Ao lerem agora o que escrevi, podem ter ficado com uma espectativa muito alta que não vai de encontro com o que vocês viram do filme. Eu adorei o filme, mas vocês podem ter outra visão. Por isso, não fiquem com a minha prespectiva na cabeça, para quando forem ver o filme (se forem) verem-nos com os vossos próprios olhos, e não através dos meus.

Saudades

Madrugada clara e fria, Momentos de saudade, de alegria. Penso num tempo ausente Que incomoda o tempo presente. Tento abstrair-me dessa tristeza, Sei que pretendo viver em clareza De espírito, mas não me esforço. Para quê? Sei que não posso. As saudades são coisas banais. A vida corre satisfeita sem demais. E eu preciso de esquecer o passado Porque tudo o mais é complicado. Já não quero ter saudades Dos cheiros, das claridades Que emanam da perfeição. O hoje não encaminha para a perdição. O hoje encaminha para figuras Para histórias e lendas mais seguras, Que serão no futuro o passado Do meu presente inacabado.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

licenciaturas

Então e agora? O primeiro-ministro é melhor ou pior? cultura e intelectualidades lá isso ele tem... visão também, e o modo como se exprime? (hum... maravilhoso) Até é charmoso... mas com licenciatura torna-se sempre diferente aos nossos olhos não é? O povo português só quer saber se ele é "dôutor" ou "engenhêro" porque, de resto, o que interessa é andar por aí a dizer que o governo só nos sabe é lixar a vida... Depois o que interessa é saber se ele se vai re-candidatar em 2009, se vai baixar os impostos poucos meses antes das eleições como propaganda eleitoral... Há questões que levam o seu tempo... por vezes é necessário espicaçar para que se apressem mas, por vezes, também é necessário ter paciência. Neste caso aplica-se bem o ditado popular: "Dá-se um dedo, querem logo o braço todo!"

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Salazar é o maior português de sempre!(?)

Apesar de a comunicação social não ter dado grande relevo ao facto de o povo português ter eleito António de Oliveira Salazar como o maior português de sempre, vou gastar algum tempo a exprimir a minha opinião sobre o assunto. Quanto a mim, a vitória não foi justa - só o seria se tivesse sido Afonso Henriques ou mesmo Vasco da Gama a vencer. Mas a vitória conseguida por todos aqueles que defenderam o ditador é bastante merceida; foi um esforço de sucesso para limpar a imagem deste personagem da nossa História. Muito do povo português foi desde sempre influenciado pelos comunistas, ao tornar Salazar num "monstro". A grande questão é que, na sua governação, raramente existiu desemprego, tínhamos segurança nas ruas, podíamos andar até às tantas na rua sem sermos assaltados (agora até o somos a meio do dia, imagine-se...), as Finanças apresentaram uma melhoria brutal, escapámos à II Guerra Mundial e muitos outros aspectos que hoje são inatingíveis. Claro que, para existir prosperidade governativa, era necessária a existência de um regime rígido. Não esquecer que a ditadura militar já existia desde 1928 (Salazar sobe ao poder em 1933). Com a queda da ditadura, o Comunismo desejava começar a proliferar no nosso país; isso foi claramente notável quando, por exemplo, as terras deixaram de ser propriedade privada e passaram a ser "de todos"... Muitos outros acontecimentos deste género se deram, mas foram completamente abafados pela criação dessa figura monstruosa que era Salazar. Assim foi dito no programa final dos "Grandes Portugueses", Álvaro Cunhal fez tudo por deitar abaixo a ditadura para depois, ele mesmo, criar uma ditadura comunista - não devemos esquecer que Álvaro Cunhal era um estalinista... É bastante engraçado ele ser considerado um herói nacional porque, era a mesma coisa que existir alguém que tivesse ideiais hitlerianos. Estão a ver onde quero chegar? É também engraçado que não se tenha na ideia que Estaline foi tão mau como Hitler. De facto, foi até pior. Estaline matou 100 milhões de conterrâneos seus em condições terríveis nos desertos siberianos. Hitler matou 40 milhões. Onde quero chegar é ao facto de todos os portugueses terem uma imagem tão boa do Comunismo em si, sem sequer se esforçarem por conhecer a sua história... De qualquer forma, expresso aqui - para que não existam ataques à minha opinião - que não sou defensor de Fascismos nem de Comunismos, nem de Ditaduras ou liberdades desmesuradas, sou apenas um tipo normal que se orgulha da História do seu país, que quer ter um país seguro e que, acima de tudo, sonha com que todos gostem do país que têm.

quinta-feira, 29 de março de 2007

KVETCH - Companhia de Teatro ArteViva

A companhia do teatro municipal da cidade do Barreiro apresenta mais um grandioso espectáculo de arte dramática. Encenado por Rui Quintas, KVETCH tem atraído muitas pessoas, estando sempre lotação esgotada. É mais um dos imensos projectos que o ArteViva tem vindo a realizar desde há 25 anos, revelando ser um dos melhores espectáculos que a companhia organizou. KVETCH é para todos porque faz parte de todos nós, a maioria teme-o mas tem consciência dele, outros não se apercebem sequer... esses, ficam para trás, morrem porque chegaram ao fim da vida. KVETCH é tudo o que está no subconsciente que nos atormenta e que muitos recalcam para não sofrer, acabando por sofrer mais ainda, mais tarde, quando a consequência é a fusão da força psíquica com a física em que a parte física (mais uma vez) é derrotada… O resultado final: doenças psicossomáticas que podem levar à morte. A moral da história é, portanto, não deixar que os nossos fantasmas sejam mais fortes que nós, enfrentá-los de frente, mas, sem espada. Porque eles não podem morrer porque, na verdade, não existem, somos nós que os criamos e, em seguida, hiperbolizamo-los. Steven Berkoff, autor desta peça, traz à luz da nossa consciência o que não queremos ver nem entender, dá-nos a contemplar o mais sórdido do ser humano e, ao mesmo tempo de outra perspectiva, o que existe de mais humano no ser humano. É um drama que nos faz rir e nos faz chorar, que nos conduz à euforia e à disforia, e vice-versa. O espectador reflecte sobre aquilo que vê (característica do teatro Brechtiano) mas também se identifica com algumas atitudes das personagens. Há um desmascarar da sociedade e do próprio espectador. O elenco é constituindo por cinco actores: um casal com problemas a todos os níveis (ausência de carinho, de compreensão, obsessões diárias, dificuldade de expressão): o marido está farto da vida e do emprego de vendedor, pensa muitas vezes no suicídio, a mulher teve cancro da mama (tem um único seio) não se sente desejada nem amada, a sogra (personagem plana, inconveniente, metida na vida do casal), um colega de trabalho do marido (separado recentemente da mulher, tem o trauma da solidão) e um cliente do marido que, também, se separou da sua mulher recentemente e é amante da mulher que só tem um seio. Os conflitos surgem logo no início da peça com a primeira cena do casal e os seus problemas obsessivos: a confecção do jantar, as horas a que o marido chega e os entraves na comunicação (não conseguem dizer um ao outro o quanto se odeiam). A sogra está sempre por perto. Os conflitos continuam entre o marido e o colega de trabalho: são ambos bastante nervosos e não conseguem dizer com clareza aquilo que querem. Ao longo da peça há sempre quebras de ritmo, em que há uma personagem que sai do ambiente social em que está, vira-se para o público e começa a dizer o que pensa, ou seja, quando esta dá a conhecer os seus diálogos interiores, ficando as outras personagens estáticas. Esses momentos estão muito bem alternados com o diálogo, dando a sensação de paragem no tempo que leva o espectador ao êxtase, pois é aqui que se inscreve toda a problemática da história: os nossos pensamentos raramente estão sincronizados com as nossas acções revelando, assim, a grande hipocrisia a que estamos destinados. A peça termina quando as personagens soltam o seu KVETCH e dizem ou fazem aquilo que pensam realmente. O casal separa-se, ela fica com o cliente do marido que, também, deixa de lado os seus traumas amorosos e ele acaba por descobrir que é homossexual, ficando a morar com o seu colega de trabalho. O vocabulário é um pouco exagerado em que o excesso de palavrões remete para o carácter sexual da história e dos indivíduos. A sensação que este texto nos transmite é a de que não há nada a temer, pois somos todos iguais e, isso, é bastante reconfortante. Muitos destes medos existem porque não falamos abertamente sobre eles, porque não os tentamos entender e ultrapassar de forma tranquila e equilibrada. Na minha opinião a melhor forma de os ultrapassar é falar sobre eles e rir deles. Os problemas acumulam-se porque somos demasiados tímidos, mas a timidez já é uma característica de um primeiro recalcamento, segundo Freud, que acontece numa primeira infância. Somos demasiado tímidos para dizer aquilo que realmente pensamos, aquelas vozes interiores que nos fariam ser mais verdadeiros e mais humanos, porque essa voz interior é a nossa essência… Ora, como poderemos ser originais, verdadeiros, sermos nós próprios, se começamos logo a ignorar a nossa essência, o nosso verdadeiro EU? Eu diria que é uma peça controversa, que intimida os mais castradores e envergonha os mais puritanos. No entanto, é, apenas e deslumbrantemente, uma peça sincera que choca por falar na verdade. Porque a verdade é, por vezes, um pouco inconveniente para as sociedades convencionais, mal estabelecidas, que enferrujam o ser humano e a sua vitalidade, que proíbem a autonomia individual que poderia levar à solidariedade colectiva, que ordenam que sejamos todos iguais de uma forma totalmente contra-natura, e, no entanto, nós, na realidade, somos todos iguais mas andamos todos a fingir da mesma forma.

terça-feira, 20 de março de 2007

De criança a adolescente

Cada vez que releio o meu primeiro diário, só me apetece rir e chorar ao mesmo tempo. Apetece-me rir porque a minha maneira de escrever naquela altura era extremamente cómica, e o que eu escrevia, os meus problemas eram tão inocentes. Eram coisas estilo: eu amo este, eu gosto daquele, hoje fiquei inimiga destas, agora já sou de novo amiga daquelas. São mesmo coisas inocentes para nós agora, mas que naquela altura eram problemas importantes. E apetece-me chorar porque me faz lembrar daqueles tempos em que as coisas eram muito mais simples, em que os problemas eram ingénuos e não tínhamos muitas dúvidas na nossa cabeça. Essa altura é que era vida! Sem grandes problemas, responsabilidades, ou qualquer tipo de preocupações. Sejamos sinceros, ao mesmo tempo que queremos crescer, queremos voltar a ser crianças. Em pequenos não temos tantas confusões na cabeça como pensamos que temos. Só passados uns anos é que nos apercebemos o quão ridículos eram os problemas que tínhamos naquela altura. Só agora é que nos apercebemos o quão éramos felizes naquela altura, pelo menos comparado com agora. Com 12 anos eu não fazia a mínima ideia dos problemas que ia ter agora. Não estava nem ¼ do confusa que estou agora, não tinha metade dos problemas que tenho agora, e não tinha 95% das dúvidas que tenho agora. E é estranho pensar nisso, e pensar que daqui a uns anos vamos pensar o mesmo, mas com o que se passa agora. É estranho pensarmos o quão inocentes éramos naquela altura e o quão inocentes vamos parecer daqui a uns anos. Mas acho que a adolescência é uma etapa da vida que nunca esqueceremos, porque não são só problemas. São risos, choros, alegrias, desastres, festas, bebedeiras, amizades, amores, riscos, diversão, confusão... Mas nunca ninguém chega realmente a saber tudo o que há a saber sobre a adolescência. É que a adolescência e as aventuras nela vividas vão ser sempre algo inexplicável, e vão haver sempre coisas que nunca ninguém vai entender o porquê delas. Enfim, a adolescência é, foi, e sempre será um verdadeiro mistério.

segunda-feira, 19 de março de 2007

Domingo

Não sei que diga, nem que escreva. As palavras que sonhei soam-me a fado E os meus lábios mexem com estranheza. Meu paradeiro fugiu, seguiu a teu lado
O que oiço dizer combina comigo, O que sonho pensar não é nada, O que penso realmente tem um amigo, Chama-se encanto e já tem morada.
As ideias são todas iguais. A virtude não me diz nada, Os segredos são todos banais Mas a esperança vem de madrugada!
Mas que esperança espero eu? Nunca me deitei a seu lado. As qualidades, quem as escolheu? A minha criatividade já não tem cuidado...

sexta-feira, 16 de março de 2007

Tenho dó das estrelas

A preguiça pode levar à depressão. Este manifesto fez-me lembrar um génio que também era preguiçoso e que vivia cansado diáriamente. Este é um poema lindíssimo dele:
Tenho dó das estrelas Luzindo há tanto tempo, Há tanto tempo… Tenho dó delas. Não haverá um cansaço Das coisas, De todas as coisas Como das pernas ou de um braço? Um cansaço de existir, De ser, Só de ser, O ser triste brilhar ou sorrir… Não haverá, enfim, Para as coisas que são, Não morte, mas sim Uma outra espécie de fim, Ou uma grande razão – Qualquer coisa assim Como um perdão?
Fernando Pessoa

quinta-feira, 15 de março de 2007

manifesto sobre a preguiça

O ano passado tive que escrever um manifesto contra alguém ou alguma coisa que eu não gostasse. Eu escolhi a perguiça: Vai-te preguiça, vai-te! CHATA! Quem te manda cá vires, Se só vens chatear? Já te apoderas-te de mim, O que queres mais? E porquê?? Vai-te preguiça, vai-te! CHATA! Estás-me a estragar a vida! É isso que queres? Que eu seja infeliz? Oh preguiça, que fazes tu? Arruinas-me a vida, tiras-me a esperança. Eu só te peço que te vás embora... Vai-te preguiça, vai-te! CHATA! Nas aulas, fazes-me não fazer os exercicios; Em casa, fazes-me não estudar; Tudo o que fazes é por mal! Senão, não o fazias! E porque o fazes, ninguém sabe. Mas... Vai-te preguiça, vai-te! CHATA! Ter-te de vez em quando é bom Ajuda a relaxar de todo o stress. Mas porra, às vezes é de mais!! Odeio o teu poder! Odeio a tua força de persuação! Por favor, Vai-te preguiça, vai-te! CHATA! Só vens para causar problemas! Mas nem sabes o quanto isso é mau! E ninguém se consgue livrar de ti. És uma praga! Pegas e não largas! Mas para mim és pior. Porquê? Vai-te preguiça, vai-te! CHATA! Nem tou a conseguir escrever este manifesto. Nem me estou a conseguir concentrar. Tu presegues-me para todo o lado. Tu agarras-te a mim como uma carraça! E nem com “vinagre” te consigo tirar! Vai-te preguiça, vai-te! CHATA! O que queres de mim? Queres-me matar de aborrecimento? Nem ver tv me apetce... Só de saber que tenho que mexer no comando, Cança-me! Vai-te preguiça, vai-te! CHATA! Parece que esta raiva que tenho não te cobre! Já estás demasiado poderosa! Já não sei que fazer! E já tenho preguiça de pensar! Tu MATAS-ME aos poucos! Vai-te preguiça, vai-te! CHATA! Tu fazes-me querer dormir, E nunca mais acordar. Tu fazes-me querer morrer, E nunca mais voltar. ODEIO-TE tanto! Vai-te preguiça, vai-te! CHATA! Ninguém consegue viver contigo! Não com tanta intecidade! Tu estragas o presente, E lixas o futuro! Tenho RAIVA de ti e de quem de ti gosta! Vai-te preguiça, vai-te! CHATA! Baza de mim! Não te quero mais! Não precebes? És um fardo na minha mente! És HORRIVÉL! És MÁ! Vai-te preguiça, vai-te! CHATA! MORRE! Não te quero mais comigo! Não quero restos de ti dentro de mim! Desisto de te ter! Para sempre! ACABÁMOS TUDO AQUI E AGORA! Sai de mim Diabo, SAI! Vai-te preguiça, vai-te! CHATA!
TEXTO DA AUTORIA DE MARTA BONIFÁCIO

sábado, 3 de março de 2007

MegaConcerto Visão (Texto 2)

(Texto da Autoria de Marta Bonifácio) Dia 17 de Fevereiro de 2007, um sábado, fui ao concerto de 6 bandas portuguesas de marcáveis carreiras de rock, que voltaram para arrebatar todo o pavilhão Atlântico. Rui Veloso, Pedro Abrunhosa, GNR, Rádio Macau, Jorge Palma e Xutos & Pontapés foram as grandes bandas portuguesas que participaram no MegaConcerto Visão, e que levaram mais de 6 mil pessoas ao rubro. O concerto começou com meia hora de atraso, mas já se contava com isso. Os primeiros a darem música ao pavilhão, foram os Rádio Macau, que conseguiram pôr as pessoas todas a cantarem a sua famosa música “Anzol”. O resto do seu concerto foi normal, com algumas pessoas a cantarem, outras apenas a apreciarem, e no fim todas a assobiarem e a aplaudirem. Seguiu-se o cantor Jorge Palma, que entrou com o seu cigarrinho na boca e o seu estilo único. Cumprimentou os seus companheiros da banda (por ele convidada) à sua maneira carinhosa, e sentou-se no piano que lhe fora emprestado por Pedro Abrunhosa, assim ele o disse ao público. Jorge Palma estava decidido a marcar diferença e a brincar com o público. A meio do concerto até pediu que lhe levassem uma cerveja, coisa que ele supostamente nem poderia beber (devido a um problema de saúde) e continuou o concerto a tocar e cantar com os seu estilo excêntrico, e a brindar com todo o pavilhão Atlântico. Pois não podia seguir-se-lhe melhor banda senão os GNR (Grupo Novo Rock), cujo vocalista, Rui Reininho, tem também um estilo único e excêntrico. Esta banda, muito conhecida entre todas as gerações, conseguiu impor-se e acomodar todas as pessoas, ao ponto de estas vibrarem com as suas músicas. Entre elas encontravam-se as mais famosas da banda, tais como “Dunas”, “Pronúncia do Norte” e uma das últimas que lançaram “Quero que vá tudo pró inferno”. Entre saltos e cantorias, ouviam-se também muitos assobios de ânimo e palmas de excitação. Concluindo, os GNR manifestaram um magnífico concerto, no qual distribuíram euforia por toda a plateia. Pedro Abrunhosa prosseguiu com o espectáculo. Surpreendentemente (no meu ponto de vista), conseguiu entusiasmar a audiência e dar alma às suas canções. Mas mais admirável que isso, Abrunhosa teve como última musica uma canção nova, que só irá ser lançada no seu próximo álbum, que envolveu emoções, um coro e identificação por parte do público. A canção baseava-se no tema “todos diferentes, todos iguais” e era uma homenagem ao travesti que foi brutalmente assassinado à cerca de um ano na cidade do Porto por um grupo de jovens. A “luz do palco” foi cedida depois a Rui Veloso, que, sem dúvida alguma, usufruiu das melhores iluminações da noite. Mas nem havia essa necessidade, sendo que este cantor tem músicas tão poderosas. O seu momento mais glorioso foi quando tocou, cantou e pôs o público a cantar a sua mais famosa música “Chico fininho”. Nesse momento todo o pavilhão Atlântico estremeceu. Com a sua guitarra, a sua gaita de beiços e a sua voz, Rui Veloso conquistou o público e mostrou que ainda é capaz de dar um grande espectáculo, notando o facto das 9 canções que cantou, mais do que qualquer outro artista naquela noite. Mas o ponto máximo da noite foi quando vieram tocar os Xutos & Pontapés. Aí é que foi. Atrevo-me a dizer que eram os mais desejados do espectáculo: pessoas de todas as gerações ansiosas, claques vestidas com T-shirts deles histéricas. Estava tudo ansioso por esta última actuação. Os Xutos entraram em palco com a sua música “Contentores” e começou a exaltação: tudo de mãos no ar a cantar e a saltar, e alguns a cruzar os braços em forma de cruz/x (símbolo dos Xutos), como forma de emoção e contentamento pelo grupo. Logo de seguida vieram “Não sou o único” e “Ai se ele cai” que continuaram a fazer sucesso entre todas as gerações, e depois “Circo de Feras”, uma canção um pouco mais calma, para acalmar os ânimos da juventude. E assim continuou o seu concerto, cantando, pulando e aplaudindo. Quando eram já quase 3 da manhã, e os Xutos, para muita tristeza das pessoas, tocaram a sua última música, ainda nós não imaginávamos que o concerto não estava nem perto de acabar. Um a um, os artistas/bandas começam a entrar no palco, a cantar a música “Venham + 5”. A essa altura, já era bem visível a embriagues de quase todos os artistas, tendo eles comportamentos como agirem demasiadamente felizes, tirarem o microfone uns aos outros, e tocarem instrumentos como se os estivessem a ver pela primeira vez. Foi, de facto, uma visão engraçada. Após a tentativa falhada de cantar a música como deve ser, ouve-se então os aplausos do público, cujo o cansaço tinha já sido trocado pelo humor. O concerto acabou. Para uns felizmente, já cansados e satisfeitos, e para outros infelizmente, ainda com garra e a quererem mais. Foi assim que se passou um concerto que durou perto de 6 horas, sendo que era para durar apenas por volta de quarto horas e meia. O mais chato do concerto foram os 20 minutos de espera entre cada actuação. Por cada meia hora de música, ficávamos à espera 20 minutos, e isso acho que foi um exagero. Antes da actuação dos GNR ainda devemos ter ficado à espera meia hora, devido a um problema (um joelho partido ou assim) de um dos guitarristas de Jorge Palma que demorou demasiado tempo a resolver, e que era desnecessário tanto tempo. Os intervalos eram tão grandes que as pessoas começavam a ficar aborrecidas e irritadas. Se não fosse o brilhante espectáculo por parte dos artistas, receio que metade das pessoas já se teria ido embora a meio. De qualquer forma, presenteei um inesquecível concerto, onde as principais emoções eram o delírio e euforia. Foi um concerto que representou e relembrou a música Rock portuguesa dos últimos 25 anos. E continua simplesmente espectacular e viva!

sexta-feira, 2 de março de 2007

Mega Concerto Visão

Sábado à noite, Pavilhão Atlântico... É o Mega Concerto Visão (imperdível) onde, mais um vez, se fez história: os veteranos do rock português continuam em alta e mais frescos do que nunca. Patrocínio: Monte Velho ("O vinho da sua vida") que ajudou, certamente, a que os ânimos se alterassem e os corpos se começassem a soltar. E não durou muito tempo para que isso acontecesse... Bastaram soar os primeiros acordes do "anzol" dos Rádio Macau, para que os sorrisos se alargassem e as mãos se erguessem para o ar. Juntos desde os anos 80, gravaram oito albuns e continuam em forma. Logo em seguida surge Jorge Palma acompanhado pelos "Demitidos", com o seu ar de boémio incurável que nos maravilha, mesmo quando não se recorda das letras ou quando decide experimentar novas combinações sonoras em pleno concerto (misturou o início de duas músicas suas que, na sua combinação, resultaram numa harmonia muito interessante). O alinhamento das músicas foi: Lado errado da noite; Jeremias, o fora da lei; Cara d'anjo mau; Escuridão; Deixa-me rir; Dá-me lume; Portugal, Portugal... É tempo de fechar a cortina e mudar tudo em palco, bateria, guitarras, microfones, pedaleiras e tudo o mais que for para mudar, mas eis que, desta vez, surge um problema. Fica caído no palco o que parece ser um dos guitarristas de Jorge Palma, um problema qualquer no joelho. É então que aparecem os GNR, também já com 20 anos de carreira e um atrevimento cada vez mais aguçado... as suas críticas fizeram-se ouvir, no meio de gestos excêntricos e uns acordes de guitarra que fizeram muita gente viajar. Tocaram as músicas mais antigas numa onda saudosista que fez maravilhas... É hora do intervalo, o povo aproveita para descansar, trocar impressões dos concertos e, claro... beber mais um copinho ou acalmar o estômago. Foram seis horas de pura loucura musical com variadíssimas sensações a cada concerto, com algumas variações no estilo mas sempre com a influência do rock em todas as bandas. Radio Macau numa onda mais pop, Jorge Palma no seu blues ao piano, GNR no mais puro rock português e, eis que aparece, Pedro Abrunhosa com o seu estilo Funk. Cheio de energia, cantou, essencialmente, músicas do álbum "Viagens" homenageando, assim, o emblemático James Brown. Termina o seu espectáculo com uma música do próximo álbum (acompanhado por um coro) apelando, desta forma, ao amor e à fraternidade entre os povos e, principalmente, entre o povo português. Como não podia deixar de ser, segue-se Rui Veloso com os seus óculos de sol do rock e a sua guitarra nos braços. A maior parte dos temas interpretados são do primeiro álbum "Ar de rock" fazendo jus ao intuito do festival e agradando, desta forma, os amantes do rock português: Chico fininho; Sei de uma camponesa; Ai quem me dera rolar contigo num palheiro; rapiriguinha do shopping e mais algumas, foram as músicas escolhidas por este senhor que já tem 13 álbuns e continua a agradar multidões. É, então, que surge o mais esperado daquela noite... rapazes e raparigas que não tiraram o pé da primeira fila só para verem (mais um vez) os grandiosos Xutos e Pontapés... Todos em grandes forma, tocaram as músicas mais conhecidas e puseram o pavilhão todo a cantar "As saudades que eu já tinha da minha alegre casinha...". O espectáculo termina em esplendor: os músicos regressam todos ao palco, interagindo uns com os outros e cantando "Venham mais cinco" do grande José Afonso. Entre risos e abraços, todos se despedem desta grande noite em que se juntaram artistas que já tiveram projectos juntos, que já lutaram por causas iguais, que fazem parte da nossa cultura e que são motivo de orgulho para o povo português.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Escuridão Musical

Fecho os olhos...sinto,
Ela desliza lá fora,
Intenso, o céu chora,
Intenso eu o sinto.

Um embater constante,
Que só os ouvidos olham,
Os tremores que molham,
E o vento sussurrante.

Que bela manifestação,
Que os olhos não escutam,
Os elementos que lutam,
Lá fora na escuridão.

Uma combinação despercebida,
A quem segue com o olhar,
Uma magia a encontrar,
Uma magia que só ouvida...

Acordo de repente,
E a chuva não caía,
A sua beleza que percebia,
Fora um sonho tão somente.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

O poema é...

Uma pergunta antes de mais: porque somos só nós os 3 que escrevemos e comentamos no blog? enfim... O seguinte poema foi escrito por mim e por um amigo meu, intercalendo quadras, e intitula-se "O poema é...": O poema é mensageiro Portador da alegria, da euforia.. e também da dor Mensageiro dos sentimentos Sentimentos que na alma vão, sentimentos do coração. O poema é mensageiro, portador do mundo inteiro. É amante, é contador de histórias, recorda momentos de glórias, de batalhas que nunca serviu. No entanto, também aviso, é triste no seu encanto é merecedor de um sorriso. É mentiroso inocente consegue mentr a toda gente Afirmando ter enfrentado gigantes e ciclopes ... mas sabe-nos pôr a voar É mistério, é incerto. É magia, e eu sou mágica. Não é preciso muita prática, pois todos temos sentimentos. Mesmo o coração mais frio consegue aquecer-nos com este jogo. E com tabto fogo também nos pode queimar. Amor, amizade, família, luta, paixão, natureza... estes são, com toda a certeza a razão da sua existência É tudo, e não é nada Mas gosto de o sentir assim Depois deste poema continuo na incerteza pois nunca em palavras se descreve o qe o poema é... Já agora... o que é para vocês o poema? *

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Lampião...

Noites de acalmia Que se aproximam devagar, Trazem alguma alegria, Quase nos fazem viajar. Encontrei um poeta solitário Que me falou com simpatia, Seu olhar brilhava, qual opiário... Mostrava certa empatia. Obrigada à vida! Digo eu... Alcancei a tranquilidade Que ela me prometeu, E encontrei, finalmente, a minha liberdade. Noites de fado. Noites em que o fado se afirma. Em que o tédio termina E tu estás ao meu lado... Por que razão a cultura portuguesa Foi esquecida para o resto do mundo? Ela, que é perfeita na sua essência E sobrevive ao infortúnio? Alcanço o dia da minha desgraça, Sinto o desmoronar da minha vida. Ando, por aí, perdida... descalça... Numa madrugada que se olvida.
Sou como a música da minha vida. Sou como um fado que carrega um fardo pelo fado...

A mente que mente!

Lembras-te daquele acordar matinal, Em que as peles se encontravam macias, Em que os cheiros eram mágicos e a vida normal? Eu nunca mais me senti assim... Como eu queria voltar a viver tudo aquilo. Agora que me perdi no caminho Já não sei como voltar atrás, Já nem sei se me voltaria a sentir assim... Lembras-te como eu era feliz? O meu sorriso era para ti... amor E tu não lhe deste valor. Já não me lembro como me sentia! Quando viro o olhar para o nada, O teu olhar assombra-me as ideias, O teu corpo assemelha-se a fronteiras Que já nada preciso de ultrapassar. Enquanto penso no que não quero Vou escolhendo um tema sério. Vou morrendo de desespero E esperando que passe o tédio. Mas quando faço um esforço, Sim, um esforço para me lembrar de ti, Dói-me a cabeça. E eu penso: O que é que isto me interessa? Já não quero viver assim!

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Desespero na Saudade

Eu tb escrevo.
Aqui fica um dos meus...

Na escuridão procuro,
o teu sorriso disfarçado.
Escondido,
por entre sombras perdido,
num esconderijo condenado.

Espreito entre a penumbra,
Aguardando a tua chegada.
Calado,
no meu canto, reservado,
sofro esta angustia demorada...

Questiono-me se vens,
E se sim, porque te atrasas?
Fico à espera de sinais,
de amor e muito mais.
Imagino-te e ganho asas...

Vejo-te nas paredes,
Sempre bem, sempre a sorrir.
E vejo...
Sonho com o beijo,
Sempre a acabar, sempre a fugir...

Desapareço do mundo,
Na ilusão que permanece.
Sou consumido,
Fico perdido,
Numa paixão que ainda aquece.

Sinto cada detalhe,
Magoa-me esta distância.
Vejo-te ausente...
Não sais da minha mente,
Ecoas sem ressonância.

A cada momento sem ti,
O meu coração aperta.
Ambiciono a tua entrada,
Olho e não vejo nada,
Vejo-te numa porta aberta.

Sou impelido a continuar,
Esta luta desconhecida.
Sem uma pausa,
Luto por uma causa,
Por muitos dita perdida...

Os dias passam,
O sentimento fortalece
Que nem explosão
De lava, num vulcão,
Um calor que não arrefece.

A penumbra é então substituída.
Pela luz da madrugada.
Em raios multicolores,
Que unem dois amores
Vitimas de tudo...Vitimas de nada...

Ajo...e abro-te a porta,
A porta do meu coração.
Aparentemente frio,
E um pouco vazio,
Mas repleto de sensação.

Sinto-me vulnerável,
Mostrei-te minhas fraquezas.
Usa-as bem,
Aproveita-as também,
É raro baixar as defesas.

Irrito-me com facilidade,
Tenho ciume permanentemente.
Sinto sofrimento,
E a raiva do momento,
Que me abandona de repente...

Provocas-me tremenda ansiedade,
Tenho medo que desapareças.
Na noite, na escuridão
Que me deixes na solidão,
Que fujas e me esqueças...

Quando entras, sigo-te com os olhos,
Admiro esse sorriso meu.
Esse olhar descontraído,
Por vezes perdido,
Cujo dono sou só eu!

A incerteza domina tudo,
Neste mundo encantado.
Envolvido pelo escuro,
Desconheço meu futuro,
É este o meu grande fado!

/Vasco Cotovio

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Farta da vida

Silvia, concordo contigo e por isso também vou começar a postar textos e poemas, mesmo que sejam parvos. Acho que mais pessoas o deviam fazer, mas é como a Silvia disse, "cada um faz o que quer". isto é um poema que escrevi há alguns anos... Se alguém gosta de mim, de tudo desconheço E se toda a gente me odeia, é porque mereço Não sou bonita, muito menos sou engraçada Quando se fala em rapazes, fico toda embaraçada Eu só queria ser feliz, mas isso até já se esquece A minha vida é uma m****, nada de bom acontece Tenho pessoal que me odeia, tenho pessoal que me goza Foi assim a vida inteira, já me sinto horrorosa Cada dia que passa, odeio-me mais Cada dia que chega, odeio mais os meus pais Já tou farta da vida, já tou farta de tudo Já tentei muitas vezes, mas em nada mudo Continuo idiota, e continuo a ser lerda Sou uma tentativa falhada, isto é tudo uma m**** Para bem da sociedade, só penso em me suicidar Para bem de todos, morta já eu devia tar.

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Sonhos

Leva o som da tua alma para o fim do sonho, o meu sonho obscuro, o sonho da sombra que surge na parede branca. A vida é como esta parede branca e eu sou um poro por onde o ar, as lágrimas e o cheiro saem... a água da vida acalma-me e branqueia-me, atinge-me e cega-me de amor. O teu amor que partiu e se transformou em líquidos amnióticos que segregam nutrientes sarcásticos. Que bom que é tomar um banho de sarcasmo que me transforma neste ser, efémero mas tranquilo, cheio de nadas. Volto para o meu poiso, ele é tudo o que tenho... por agora. Que medo me transborda a alma agora, por não querer sair dele. Se saisse tornar-me-ia uma utopia no meio de tantas utopias. Imploro por perdão, só que não sei a quem... peço-lhe que me siga, que me acompanhe a casa porque eu tenho medo, tenho muito medo. Que raivas são estas que me modificam e deixam-me ficar para trás... onde ia eu? Ah, já me lembro... estava a caminho da solidão...

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Aviso

A todos os meus colegas que têm Análise e Crítica da Televisão (turma1) se forem ao site da disciplina encontram informação sobre a próxima aula (dia 14 de fevereiro), que se realizará no Auditório 2 as 11:30 com o professor Peter Robson.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Um Poema

Amei-te tanto um dia.
Amei-te tão perfeitamente
Que te roubei a alma
E a senti como minha.
Absorví-a com força
Com medo de a perder.
Como se a cada suspiro
Ela se pudesse desvanecer.
E era assim que eu me sentia.
Em dias que era para esquecer.
Em que a tua alma me pertencia,
E eu só queria morrer.
Hoje não a quero mais.
Largo-a em qualquer poça da rua.
Mas ela não me deixa em paz,
Sorri para mim e segue-me, maldita, como a lua.
O meu sonho é não ter sonhos.
É esquecer quem fui e quem foste.
É navegar para Ocidente
E ser amante do Presente.

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

O que é que achas disto?

O conformismo permanece num mundo em que a reflexão sobre o que ainda não aconteceu é uma constante. Uma das problemáticas, que são muitas, nas camadas jovens dos dias de hoje é que antes de construirem algo pensam demasiado nos pontos-chave que envolvem o projecto, desde a sua finalidade, passando pela valorização dos esforços para conseguir chegar e, também, até que ponto nos afectará pessoalmente. Logo, o jovem tem a tendência de fazer uma análise demasiado construtiva daquilo que ainda não fez, o que poderá conduzir a um vazio interior em que a pessoa, depois de analisar todas as causas, consequências e mudanças de comportamento dela própria em relação à tomada de consciência que é a vida e os seus meandros, terá uma atitude de negação perante o que lhe é apresentado como alternativa. Pois já reflectiu algures no meio da noite que esse caminho que lhe está a ser indicado não valerá a pena. Essa atitude, a meu ver, é errada. E esta problemática acção/reflexão é uma consequência infecciosa da dualidade corpo/razão. O que nos ficou do pensamento socrático e que mais tarde foi traduzido pelo cristianismo como sendo um pecado, é a ideia de esquecer o corpo, pois este só traz sofrimento, aliado à concepção cristã de que tudo o que possamos fazer para atingir o prazer é pecado e que mais tarde seremos amaldiçoados ou castigados (como eram os Deuses da grécia antiga). À luz destas linhas de reflexão, pergunto-me onde será que reside a verdade? Não a minha, nem a da espécie humana, pois como seres racionais não devemos tentar saber. Porque, na verdade, essa verdade (se é que existe) não é para ser pensada nem sabida, é para ser sentida e vivida. Porque ela existe e está intimamente ligada a nós através daquilo que tocamos e experimentamos. É só através dos sentidos que conseguimos saber tudo sobre a vida, porque se nós existimos, se vivemos e sentimos as coisas é porque faz parte da nossa natureza fisiológica e não de um desenvolvimento mental para perceber a verdade. Na verdade, aqueles que menos sabem alcançam-na melhor mas depois perdem o outro lado fabuloso que é: * Conhecer tudo o que existe para conhecer e que, por vezes, só é possível quando se sabe ler, escrever, matematizar ou pensar e também o facto de expressarmos os nossos sentimentos através da arte ou do diálogo com os outros; Esta transmissão de conhecimento daquilo que se aprendeu pelo mundo fora exige uma capacidade de raciocínio e com isso uma melhor forma de expressão. O pensamento serve como uma descodificação dos sentimento mas que não precisam de ser descodificados a qualquer hora. É quando se quer ou quando se precisa. Com esta aceitação amena da conjugação Razão/Corpo/Vida o homem compreenderá melhor a sua condição na vida. E a vida o que é? É respiração, é instintos e pulsões, é a busca de algo. Se observarmos os animais irracionais reparamos que eles fazem o mesmo. E a vida é mesmo essa simplicidade da procura de algo que nos faça sentir bem naquele momento que a temos. E a insatisfação é óptimo para a realização pessoal assim como a insistência naquilo que nos faz bem porque enquanto nos vai fazendo bem a outra parte de nós sente-se também liberta para o encontro com outras novidades. Se a realização é no campo corporal, a nossa parte racional sentir-se-à bem para novas descobertas e vice-versa. A conjugação dos dois é parte essencial na vida e a descrença numa das partes só leva à insatisfação e à angústia. Mas este será o primeiro passo para a evolução de pensamento, porque é isso que falta na sociedade de hoje. É abrir as portas da casa, que é a vida quotidiana, e seguir o caminho sem o ver. É seguir pelo instinto, é aproveitar a estrada e sentir a areia miudinha do caminho nos pés. É dormir numa árvore que certamente aparecerá e comer frutos silvestres. É correr quando se quer e andar para trás quando é preciso. É dar voltas ao contrário ou sobre si mesma. O que interessa é aproveitar aquilo que se vive no momento e não pensar no que é que aquilo vai levar. Pois talvez não leve a lado nenhum. Não é isso que se pretende da vida. Porque a verdadeira realização não existe quando se consegue atingir algo, existiu foi durante o percurso para o atingir, daí haver insatisfação quando se atinge o que se quer porque o querer mais comprova que a magia está no esforço que se faz para atingir e não na conquista desse objectivo. Esse percurso é visto por esta sociedade como um sacrificio em torno do qual se dividem dois grupos: os que se sacrificam e os que não se sacrificam. Os que se sacrificam têm objectivos demasiado fortes, que muitas vezes são impostos, mas que se agarram à convicção de que terão uma vida melhor, ou se centram na ideia de luxo e do que poderão comprar. Outros, têm um Deus a quem dedicam o sacrifício como forma de descargo da consciência: “ao menos se falhar tentei e já serei recompensado” ou “é a ti – Deus - que dedico a minha caminhada para que no final me seja dada a recompensa”. E também existem os que não se sacrificam (a maioria) encostando-se às paredes à espera que ela caia para poderem passar. Esta forma de encarar a vida é errada porque se o homem encara a descoberta do mundo e da vida como um sacrifício nunca poderá tirar proveito dela. Este conformismo leva as pessoas a adoptarem formas de vida que não são os mais correctos e (como é a maioria) tornam-se num aglumerado que tem demasiada força para ser confrontado – a sociedade. Entretanto quem é “diferente” – que está mais próximo da sua essência – é apontado na rua, discriminado e injustiçado. E esta, é a maior injustiça (como todos sabem) que continua a ser feita ao longo dos anos. A discriminação não vai acabar nunca, porque para cada época existem parâmetros de vida e de gostos que, por mais estúpido que seja, são impostos e não só inconscientemente porque, por vezes, somos mesmo obrigados a aderir e abdicar de outras coisas que nos faziam bem. Cada geração tem um dogma qualquer pelo qual a tal sociedade se guia e como se tornam num conjunto de ideais fortificados (pelo número) dão cabo de quem só quer viver... A maioria dessas pessoas agarra-se ao que é mais fácil, daí o conformismo, e acaba por entrar numa onda de cinismo.

Despenalização e legalização do Aborto

Que bela a noite de hoje! Sinto-me a recuperar de um fim-de-semana magnífico no Alentejo onde avançei um projecto de filme, mais precisamente uma curta-metragem, para um concurso na minha bela cidade! Com isto, pus-me a pensar numa frase que uma professora me disse quando eu tinha 8 anos. Mal ouvi aquelas palavras, interiorizei-as de tal forma que me senti desde logo responsável por muitas coisas. Até entao, a minha vida resumia-se a brincar e a ler alguns livrinhos que ainda hoje guardo com carinho. O que a minha professora me disse foi: "Voçes, que aqui estão, são o futuro!" (eramos 6). Que magnífico não é? EU sou o futuro e, como tal, tenho o dever de cuidar e velar por este Mundo. É uma tarefa díficil e lembro-me que, na altura, pensava que se tratava do Mundo inteiro, o que me pareceu ser ainda mais difícil. Hoje, a minha percepção do Mundo mudou um pouco e a consciência de que nunca poderei chegar a todos os recantos do Mundo tornou a minha tarefa, de certa forma, facilitada. Mas cresci. E a preguiça que hoje me domina faz-me sentir impotente face a tamanha tarefa. Na verdade, basta olhar ao meu redor e mover um pé (que seja). Um pé não é difícil de mover e é, por isso, que eu apelo á minha geração (que é também o futuro e fabricante do futuro seguinte) que votem no dia 11 de Fevereiro com garra. Seja lá que voto for... eu preferia (se mandasse mesmo no Mundo ou em Portugal ou na minha pequena turma ou na minha família) que votassem SIM mas, como não está ao meu alcançe, peço que votem simplesmente: votem pela expressão dos jovens e pela diferença que isso fará na mentalidade das novas gerações. Espero que seja uma mentalidade renovada, livre, consciente e motivadora. Eu vou votar SIM porque acredito simplesmente que a legalização ajudará muitas mulheres desesperadas, desapoiadas e fragilizadas. É desta forma que se mantém a união e a fraternidade entre os povos.